quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Rio Pomba - Um Caminho Natural para os Sertões do Leste


O Professor de História, Ricardo Quinteiro, apresenta para a região um excelente projeto sobre o circuito do Rio Pomba. Em forma de Exposição, o trabalho expõe fotografias e histórias reunidas em uma série de banners. A proposta é trabalhar de forma itinerante levando o tema às cidades por onde passa o Rio Pomba.
O lançamento do projeto ocorreu com uma palestra no Teatro Rosário Fusco no Instituto Francisca de Souza Peixoto para os alunos de Biologia, História e Geografia das Faculdades Integradas de Cataguases. A série de banners ficou exposta por uma semana no local e seguiu em paresentação na Praça Santa Rita. Atualmente, se mantém na Secretaria de Educação, e de lá já tem percurso pelas escolas públicas hdo Município.
Ricardo, o autor do projeto, está aberto a convites para palestra e exposição nas localidades pertencentes ao Rio Pomba.

1° Forum da Juventude - Fábrica do Futuro


Olá pessoal,


no próximo sábado o Instituto Cidade de Cataguases, em parceria com diversas instituições locais, regionais e nacionais, irá realizar o 1º Fórum de Juventude, Cultura e Cidadania de Cataguases. Contaremos com importantes presenças, dentre elas, representantes do Ministério da Cultura, da Secretaria Estadual de Esporte e Juventude e o do Programa Atitude.com da TV Brasil. O evento acontecerá a partir das 9h00 no Teatro Rosário Fusco do Instituto Francisca de Souza Peixoto. Ao final do dia será entregue a carta "Pacto com a Juventude" à todos os candidatos a prefeitura municipal de Cataguases, com as propostas da juventude de nossa cidade para políticas públicas municipais de juventude, cultura e cidadania.Um exemplo da participação e compromisso com o presente e o futuro de nossa cidade!!Juventude não tem idade!! Contamos com a sua presença!!


Um abraço,Coletivo Jovem da Fábrica do Futuro

Mídia e Identidade O homem comum como espetáculo na TV aberta Brasileira

Monique Gardingo
RESUMO

A pesquisa tem por objeto analisar a programação superpopular da TV aberta brasileira representada por programas como “Programa do Ratinho”, “Linha Direta”, “No Limite”, entre outros, analisando suas três principais características: a presença de pessoas comuns como protagonistas, a exibição de fatos reais e a exploração de fatos da vida íntima e privada, buscando compreendê-los como importante “lugar de fala” da construção da identidade brasileira.

INTRODUÇÃO

Casos bizarros de doenças ou deformidades físicas, brigas conjugais ou entre ex-amantes em torno de determinação de paternidade, personagens grotescos e uma platéia histérica, conduzida por um apresentador que grita com voz estridente, enquanto empunha um cassetete e, utilizando um linguajar obsceno, apresenta-se como sentinela da moralidade e da justiça. Com essa fórmula, Carlos Massa, o Ratinho, tornou-se um sucesso de audiência na TV brasileira. Desde 1997, vem se tornando um verdadeiro ícone da cultura nacional, com índices de Ibope que lhe valeram, muitas vezes, o primeiro lugar, além de um contrato milionário com a segunda emissora do país.
O “Programa do Ratinho” é apenas um dos exemplos da transformação do conteúdo da programação da TV aberta brasileira ao longo da década de 90. Essa transformação se expressa na consolidação de programas como o do Ratinho e similares (“A Hora da Verdade”, de Márcia Goldsmith, e “Você na TV”, de João Kléber), muitas vezes denominados “baixaria na TV”, “programas de mundo cão” ou “telebarraco”, que exploram fatos chocantes e trágicos além de promover brigas no ar.
Mas essa transformação diz respeito, também, à proliferação, no país, da mania mundial que são os reality shows, e que no Brasil foram representados pelo “No Limite”, “Território Livre”, “Casa dos Artistas” e “Big Brother Brasil”. E, também, a diversos programas que retiram uma pessoa pobre de seu meio e realizam seus sonhos (“Domingo da Gente”, “Domingo Legal”), ou espetacularizam e dramatizam crimes como assaltos, estupros e assassinatos (“Cidade Alerta”, “Linha Direta”), ou ainda registram cenas engraçadas por meio de câmeras escondidas ou não (“Topa tudo por dinheiro”, “Show do Mallandro”, as “Videocassetadas do Faustão”).
Esses vários programas, cujo surgimento e sucesso no espaço da TV aberta brasileira se dá na década de 90, são denominados, nesta pesquisa, “Programas Superpopulares” (PSPs), a partir de uma série de características partilhadas por eles. Essa características, presentes em maior escala em alguns programas e, de forma menos incisiva, em outros, marca uma preocupação exagerada, quase obsessiva, com uma série de características que, historicamente, não faziam parte ou não eram muito buscadas no conteúdo da TV nacional desde seu início, nos anos 50. É bom lembrar que essas características não são inéditas no espaço da TV brasileira. O que é inédito é a atual conjugação destas características num amplo movimento que tem envolvido todas as emissoras de forma auto-referenciada. As características principais são:
Em primeiro lugar, uma ênfase nas “pessoas comuns” (pessoas até então desconhecidas do grande público) como protagonistas dos programas, em oposição à tendência de se ter, de forma central na programação, pessoas famosas, tais como atores e atrizes de novelas, grandes campeões de futebol ou automobilismo, modelos, empresários, políticos etc.
Em segundo lugar, uma preocupação exagerada em exibir fatos “reais”, com inserções ao vivo ou gravações na rua, fora dos estúdios, de uma forma que não se via antes, numa TV até então voltada para a ficção e o entretenimento de programas de auditório e shows, que se preocupava em trazer fatos “reais” apenas no espaço de telejornalismo.
Em terceiro lugar, a exploração de fatos da vida privada a partir de depoimentos, invasões na casa das pessoas, registros com câmeras escondidas – numa escala até então inédita, em termos de TV nacional, bastante voltada, antes, para assuntos e questões públicas.
Além destas características comuns, é importante destacar que todos esses programas se assemelham, ainda, por uma preocupação a todo custo com índices de audiência, o que significa alterar o que for necessário, trocar personagens, temas, formatos, horários, etc – do que resulta a designação “superpopular”, isto é, voltados de forma primordial para a busca de popularidade. Essa programação surge num contexto de acirrada competição entre as emissoras de TV aberta, competição essa alimentada por uma série de fatos históricos que produziram um contexto específico (apresentados no tópico “Análise dos Resultados”).
Os PSPs que surgem nos anos 90, apesar de trazerem características inovadoras, não chegam a compor um novo gênero televisivo. Não se trata, pois, de um gênero distinto em relação àqueles preexistentes – tais como o telejornalismo, a telenovela, os filmes, os programas de auditório, os shows, os documentários, os programas de entrevistas, as revistas eletrônicas. O fenômeno do crescimento da “programação superpopular” representa a consolidação de uma série de características (gente comum, fatos reais, exploração de fatos íntimos) que se espalha pelos vários gêneros televisivos. Não existiria, assim, aqueles programas que são exclusivamente PSPs e aqueles que não são, mas programas com muitas características superpopulares e outros com poucas ou quase nenhuma.

METODOLOGIA

O ponto de partida da pesquisa, além das leituras teóricas, foi um mapeamento da TV aberta no país. Definiu-se, assim, que o universo da pesquisa seria composto pelas quatro maiores emissoras: Globo, SBT, Record e Bandeirantes.
A seguir, foi mapeada a grade destas quatro emissoras, buscando distinguir os diferentes gêneros, seus horários de exibição, público-alvo e audiência. Os gêneros indicados foram: telejornalismo, telenovela, filme, documentário, programa de auditório, show, musical, infantil, religioso, programas de entrevistas (talk shows) e revistas eletrônicas. Foram selecionados alguns programas que estariam na interseção entre diferentes gêneros e, ainda, aqueles que teriam algumas das características ditas “superpopulares” definidas no projeto de pesquisa.
Uma análise inicial constatou, então, que a “programação superpopular” não seria um gênero distinto (e novo), da TV aberta, que disputaria lugar no espaço televisivo junto com os demais gêneros. Essa programação se trata, mais, de um determinado movimento da TV aberta brasileira, num momento histórico específico, que trabalha um certo conjunto de características (em termos tanto de conteúdo quanto de forma) – conjunto esse que se espalha, em maior ou menor escala, nos diferentes gêneros televisivos.
a) Antecedentes, até 1989: o “popular” aparece quase como sinônimo de programas de auditório, comandados por grandes comunicadores como Flávio Cavalcanti, Chacrinha, Silvio Santos; a partir da década de 70, a Globo se consolida na liderança absoluta com seu modelo que mescla jornalismo e novela, sendo seguidamente copiada pelas outras emissoras.
b) Transição, de 1989 a 1993: época marcada por tentativas de subverter o “modelo global” por parte das outras emissoras, com o lançamento de novas propostas como o “Aqui Agora”, o “Programa Silvia Poppovic”, o “Note e Anote” e o “Domingão do Faustão” (os precursores da programação superpopular), além de “Pantanal”, “Jô Soares Onze e Meia”, “Programa livre”.
c) Consolidação, a partir de 1994: período em que se consolidam de forma mais definitiva os programas amplamente caracterizados como superpopulares, cujo maior símbolo é o “Programa do Ratinho”, mas há também outros como o “Cidade Alerta”, “Programa Márcia”, “Território Livre”, “Domingo Legal”, “Domingo da Gente”. A partir de 1999, a Globo assume uma parcela maior de características superpopulares com “Linha Direta”, “No Limite” e, recentemente, “Big Brother Brasil”.
Além disso, foram levantados e analisados os seguintes fatos, que contribuíram, na década de 90, para a consolidação dos PSPs:
a) Ampliação do público de TV aberta com a incorporação das classes D e E a partir do aumento da venda de aparelhos de TV desde 1994;
b) diminuição da hegemonia da Rede Globo;
c) crescimento das outras redes nacionais, como o SBT que em 1989 decide inaugurar um “estilo próprio” de fazer TV, diferenciando-se do “modelo global” e fazendo franca oposição a ele;
d) busca de competitividade pelas outras emissoras, com a compra da TV Record pela Igreja Universal e a decisão da TV Bandeirantes de ampliar seu campo de atuação para além da programação esportiva;
e) implantação do sistema de TV por assinatura no país, com a migração de parte do público das classes A e B para sua programação;
f) o sucesso dos reality shows em escala mundial, a partir dos precursores “Big Brother” (holandês) e “Survivor” (norte-americano).
Em relação à primeira característica dos PSPs, cumpre lembrar que, historicamente, a TV brasileira, seja no espaço da telenovela ou do telejornalismo, ou até mesmo nos shows e programas de auditório, sempre teve como protagonistas de sua programação as pessoas famosas – astros de novela, ídolos do esporte, milionários, modelos, políticos proeminentes, socialites, entre outros – adequadamente identificados por Morin como os “Olimpianos”, um elemento estrutural da indústria cultural. Ao lado dele, compondo algumas vezes a programação da TV na condição de coadjuvante, mas certamente sempre assistindo e acompanhando o conteúdo dos meios (esse sim definido como o seu lugar) está o homem comum, o não-famoso, o não-olimpiano – no dizer de Certeau, o “homem ordinário”, aquele que, além de não possuir traços distintivos (Certeau fala de uma “erosão do singular” e de seu “enquadramento na massa”), é não objeto de adoração, representação ou identificação, mas sujeito de processos de culto ao outro (no caso dos meios de comunicação de massa, dos Olimpianos).
O modelo predominante no fenômeno comunicativo que envolve a TV tem sido, ao longo dos anos, o da presença de Olimpianos no conteúdo da programação, na condição de protagonistas, e a presença de homens ordinários na condição de espectadores, consumidores do conteúdo dos meios. Nos anos 90, contudo, a programação superpopular que foi se consolidando na TV brasileira alterou esse quadro, ao alçar o “homem ordinário” à condição de estrela, de personagem central dos programas.
Essa nova condição, contudo, não deixa de separar e tornar nítidos os diferentes lugares, isto é, o “homem comum” tornado protagonista da programação de TV não se torna um olimpiano, não assume o papel da estrela. Em primeiro lugar, pela instantaneidade de seu momento de estrela – o homem simples é vedete por um dia, ocupa o espaço da fama por alguns minutos, ele não garante sua onipresença por meio da exposição freqüente no conteúdo da programação. Em segundo lugar, pela forma com que é tratado pelos apresentadores dos programas, como é apresentado, pelo lugar que ocupa no cenário, pelo tempo que ocupa no programa, pelo momento de sua inserção. E, em terceiro lugar, pelo tipo de aparição, pelo tipo de papel que desempenha dentro da programação superpopular. Uma análise do conjunto dos programas permitiu a construção de um “mapa” da presença de pessoas comuns nos PSPs, a partir de cinco situações-modelo:
a) o modelo do “circo”: a pessoa passa por uma situação engraçada ou constrangedora no ar, ou vai para exibir características físicas bizarras (doenças, anormalidades) – enfim, se apresenta como se fosse uma atração circense;
b) o modelo do “tribunal/divã”: a pessoa leva seus problemas pessoais e os expõe no programa (necessidade de exame de DNA, briga conjugal, problemas amorosos) na esperança de ouvir conselhos ou receber ajuda para resolver a questão;
c) o modelo da “máquina de sonhos”: a pessoa vai ao programa para ver se algum desejo é atendido (construir uma casa, conhecer um ídolo, rever a família);
d) o modelo dos “games”: pessoas comuns participam de gincanas, torneios, disputas das mais variadas naturezas, com o objetivo de conseguir o prêmio oferecido ao vencedor;
e) o modelo das “vítimas”: pessoas expressam seu sofrimento ou revolta em relação a casos de assassinato, estupro, seqüestro e outros atos praticados por criminosos, em depoimentos muitas vezes emocionados.
Já em relação à obsessão pela exibição de “fatos reais”, é importante destacar que, desde sua origem no Brasil, na década de 50, mas antes mesmo, em escala mundial, a TV se viu diante da possibilidade de exibir fatos “reais” (de captar aquilo que está acontecendo no mundo e levar para a casa dos milhões de telespectadores, convertendo-se numa “janela para o mundo”), mas, também, podendo criar mundos, personagens, cenários, tramas e fatos - adentrando, assim, o campo da ficção.
Dessa primeira distinção surge outra: a que separa a informação do entretenimento e da cultura. Uma, preocupada com um tratamento objetivo e fiel à realidade. Outra, destinada a divertir, entreter, ou então a apresentar obras de arte a partir de uma preocupação estética. De todo modo, cria-se um espaço específico para o tratamento do real na TV: o campo da informação, que vai ser explorado e desenvolvido a partir das técnicas do jornalismo. No outro campo, do que não tem objetivo de se constituir informação, tem-se tanto o terreno da ficção (novelas, filmes, séries) quanto o do entretenimento (shows, programas de auditório). Estes últimos, ainda que não sejam ficção (isto é, são programas baseados em fatos “reais”) nunca tiveram grande preocupação em se apresentar como reais, isto é, nunca foi essa a característica a ser explorada nesse tipo de programação.
Nos anos 90, e no conjunto do que forma os PSPs, essa questão surge trabalhada de outra forma. Programas de entretenimento como o Ratinho, que leva pessoas para discutirem resultados de DNA, ou o Domingo da Gente, que busca moças de periferia para se embelezar em salões e conhecer seu ídolo, passam a ter preocupação obsessiva em provar que os personagens e fatos mostrados são reais. Ao mesmo tempo, programas que copiam a fórmula jornalística, como o Linha Direta e o Cidade Alerta, originários da linha inaugurada pelo Aqui Agora do SBT, esquecem a receita da objetividade e dramatizam e espetacularizam o real de que vão tratar. Enfim, há toda uma redefinição de como a realidade deve ser trabalhada: ela é aspecto fundamental do sucesso dos PSPs, mas já não é a realidade tal qual era mostrada no conteúdo da TV brasileira. A expressão “reality show” aponta exatamente para essa característica que se expande pela TV em escala mundial: o real não mais tratado como informação, mas como show, espetáculo.
A natureza do que é tido e aceito como “real” é trabalhada, entre outros, pelos autores que se inscrevem na linha do Interacionismo Simbólico e da Sociologia do Conhecimento. Em nosso trabalho, levantamos três as características da “realidade da vida cotidiana” ou “realidade por excelência”: seu caráter não-problemático (o que é real é aceito como tal pelos membros de uma comunidade de forma imediata, isto é, não se problematiza que algo seja ou não real); sua organização em torno do “aqui” e do “agora”, isto é, a proximidade do universo de coisas que compõem o real com a presença física do sujeito; sua natureza intersubjetiva, ou seja, o que é real é aquilo que é definido como real por uma comunidade, o que é coletivamente aceito como real.
É a partir destas três características que os PSPs vão construir suas estratégias para conferir o status de “real” às atrações que veiculam. Entre essas estratégias destacam-se:
a) A descrição do local em que se passam as cenas externas (bairros, ruas, casas), com reforço da iconicidade (imagens que atestam que os locais são “reais”);
b) estruturas temporais, desde a exibição do programa ao vivo, passando pelos “flashes” ao longo do dia, numa estratégia de conferir aos programas não um tempo próprio, distinto, mas sim o mesmo tempo que transcorre na realidade da vida cotidiana;
c) exibição das falhas (que mostram que não há edição, isto é, o programa é “autêntico”, não é uma “montagem”), dos bastidores da produção do programa (cinegrafistas, equipe de produção, etc;
d) depoimentos de pessoas reais que atestam a veracidade dos fatos relatados nos programas;
e) organizar os fatos apresentados numa estrutura narrativa, conferindo-lhes ordenação e, assim, verossimilhança.
Há, ainda, um outro momento em que os programas superpopulares se utilizam do “status de realidade” para caracterizar sua programação. Trata-se daqueles quadros que provocam uma “torção do real”, tal como nas “pegadinhas” e programas de câmera escondida. A brincadeira consiste em fazer um participante acreditar e se comportar como se a situação fosse real. Este, sem saber, é pego de surpresa em situações absurdas e suas reações é que fazem os vídeos serem engraçados, na medida em que elas agem dentro de um quadro de sentido (encarando o que está acontecendo como “real”) e os demais participantes e a audiência estão interpretando dentro de outro (trata-se de uma “brincadeira”).
Este conjunto de estratégias permite identificar como os PSPs tentam, em primeiro lugar, se aproximar do universo de referência dos telespectadores, se constituir como algo “em torno de seu aqui e agora” (a partir da aproximação no espaço e no tempo); se apresentar como a realidade, na medida em que mostram como são produzidos, “abrem as portas” de seu processo de produção, eliminando a necessidade de um questionamento (sendo encarados como “naturalmente reais”); por fim, recheando-se de verossimilhança conseguida a partir de uma definição coletiva, socialmente partilhada, do que é real (obtida por meio dos depoimentos, da presença de pessoas “verdadeiras” atestando a realidade dos fatos, e da narrativização dos acontecimentos apresentados).
A terceira característica essencial dos PSPs diz respeito à exibição de fatos privados, relacionados à esfera íntima dos indivíduos, alçada à condição de “fato público” a partir de sua exibição para milhares ou milhões de telespectadores.
A distinção entre os domínios do público e do privado, exaustivamente trabalhada por Habermas em suas teses sobre a esfera pública, remonta à Grécia Clássica, ao universo de referência da pólis. Público se relaciona, nesse sentido, a uma distinção entre o que se refere ao poder público institucionalizado, à administração da vida coletiva, em oposição aos campos de atividade econômica privada e às relações pessoais.
Com a chegada dos meios de comunicação de massa, contudo, essa dicotomia assume um novo sentido, estando relacionada principalmente à questão da visibilidade dos acontecimentos: os limites entre vida privada e vida pública se redefinem. E público passa a se referir àquilo que está acessível, aberto, que é desempenhado ante os espectadores.
O privado aparece, no âmbito dos PSPs, das seguintes formas:
a) Revelações pessoais, apresentadas através de dados e/ou perguntas feitas pelo apresentador ou por leitura de cartas, faxes ou e-mails, e que se subdividem em comuns ou rotineiras (como nome, idade, cidade em que vive, profissão) e secretas ou íntimas (sonhos, desejos, preferências);
b) testemunhos pessoais (relatos de uma pessoa sobre si mesma, sua história de vida, seu cotidiano, sua família) ou de pessoas próximas (também sobre as histórias de vida) - nestes testemunhos muitas vezes são relatados fatos passados;
c) imagens do privado, com câmeras que exibem detalhes do ambiente doméstico: a casa, os móveis, os objetos pessoais;
d) exploração da emoção, normalmente orquestrada pelo apresentador do programa e pela condução dos fatos a um momento de clímax para o participante (realização de um sonho, reencontro com um parente, vitória numa prova);
e) de forma “combinada”, isto é, nos quadros de câmeras escondidas em que se faz uma brincadeira com um dos participantes, que desconhece tratar-se de uma brincadeira e acredita que está participando de uma situação real;
f) a partir de uma interferência no privado por parte da mídia, quando problemas domésticos, familiares, entre cônjuges, vizinhos ou amigos são resolvidos pela produção do programa.
A “força” que a exibição de fatos privados confere aos PSPs pode ser compreendida a partir da distinção que Goffman promove entre fundo e fachada. O domínio do privado, a princípio, é vivido de forma espontânea, não representada, porque não é visível, acessível aos outros – não é “fachada”, portanto, e permite a aparição de comportamentos não observados na vida cotidiana “comum”, “pública”, “acessível”. A proposta dos PSPs, nesse sentido, é de dar visibilidade não à “fachada” mas ao “fundo”, isto é, trazer à tona uma dimensão não conhecida, não fabricada, não intencionalmente demonstrada pelos vários praticantes de ações no espaço da TV. A atração dos PSPs é, então, trazer aquilo que não é ensaiado, não é combinado – é o espontâneo, o “real”, aquilo que tal qual existe no mundo.
Porém é importante perceber, concordando com Thompson, que essa publicidade, essa visibilidade, traz conseqüências para a natureza dos próprios acontecimentos que se tornam públicos. Afinal, não é sem permissão das pessoas que suas informações, seus desejos íntimos e seus objetos pessoais são tornados públicos. Ao mesmo tempo, esse “fundo” que vem à tona agrega caracterizações de fachada, na medida em que é, também ele, “encenado” nos meios de comunicação – um “acontecimento privado mediado”, no dizer de Thompson, que se assemelha à “transformação da intimidade” detectada por Giddens em seu estudo sobre a sexualidade.
A sexualidade, aliás, é um dos temas centrais tornados visíveis por meio da mediação – junto com a realização dos sonhos secretos, a exibição de peças de roupa íntima, a narração de fatos dramáticos (sofrimento), tornados fetiche para um público tomado pelo voyeurismo. Os fatos privados secretos são “invadidos”. Mas, por serem secretos, escondidos, ocultos, revestem-se de “aura” no sentido que esta é definida por Benjamin em sua análise materialista da obra de arte: a aura como uma dimensão simbólica que agrega valor a uma obra a partir de sua manutenção como algo secreto, oculto, preservado, cuja aparição única se reveste de todo um preparo, um ritual, um investimento especial. Essa característica é perfeitamente representada pelo “buraco de fechadura”, símbolo do programa Casa dos Artistas, e pelo slogan de Big Brother Brasil, “entre e olhe à vontade”.



MÍDIA E IDENTIDADE
O homem comum como espetáculo na TV aberta Brasileira

O século XX assistiu ao surgimento da cultura de massa, uma nova forma de cultura que passou a conviver com as duas anteriores (Erudita – perfeição, qualidade - e Popular – atingia grande número de pessoas). Assim, pode-se seguir de um lado a problematização da Cultura de Massa sobre o problema da revolução cultural; e de outro lado à crise da cultura sobre a crise da sociedade.
A Indústria Cultural transforma o que era belo e único na Cultura Erudita em modelo para o novo belo que se espalha e reproduz na Cultura de Massa, quando a estética e a própria vida se adiantam à arte, a beleza pode ser tocada por muitos,ela se reproduz e é consumida de forma massificada. A tudo pode se reproduzir, copiar. A arte não se encontra mais em um quadro único e referencial da Monaliza em que todos apenas possam desejar e admirar como na cultura erudita, mas ela passa a ser palpável e conquistada quando a cultura de massas quantifica e realiza os anseios de um público.
Enquanto há de um lado manifestações de agressão que lutam para não por fim ao que é belo, único, erudito, de outro lado, as pessoas se atiram no universo ‘caótico, dos sonhos, da cultura de massas’ – a arte pop, que se expande e atingi a todos.
O homem consumidor já não se interessa mais apenas pelo consumo massivo, ele também se desinteressa rápido pelo produto. A indústria cultural nos propõe produtos instáveis, inconstantes, desenraizados. E ‘a vida se torna menos escrava dos bens materiais e mais escrava das futilidades’. E para criar novos modelos que afloraram o consumo impulsivo, a indústria cultural aposta nos meios de comunicação e expande as celebridades da TV.
Com a cultura de massas passa a haver uma busca pela identidade, o individualismo, as pessoas deixam de sentir, fruir – cultura ilustrada -, para ter, consumir e imitar.

“Aparecerão nas sociedades evoluídas, cada vez mais, se elas continuarem em sua corrida para a prosperidade, o irracionalismo da existência racionalizada, a atrofia de uma vida sem verdadeira comunicação com outrem, como sem realização criadora, a alienação no mundo dos objetos e das aparências. As crises de furor dos jovens, os tormentos existenciais dos intelectuais, as neuroses espiritualistas dos burgueses de Passy já são sintomas de uma crise que sem dúvida se generalizará um dia”. E. M.
“Sociologia de um fracasso”, France-observateur, 5 de novembro de 1959.

Os meios de comunicação como produto da indústria cultural, oferecem aos consumidores um mundo de sonhos. O consumidor se sente bem ao ver na TV algo que tem (parecido) ou que gostaria de ter. A TV passa a se misturar com o cotidiano das pessoas. As informações chegam prontas e as regras são feitas, os modelos são criados. É através dos Meios de Comunicação que se sabe como estar na moda, qual a melhor tinta e qual a melhor cor usar no cabelo, sem falar dos jogos feitos através destes meios de comunicação que podem realizar sonhos como o da casa própria, ganhar um carro, saldar uma dívida, entre outras concessões que, ao contrário da vida capitalista, os meios de comunicação podem oferecer e realizar.
Como toda cultura produz algo, a cultura de massas produz seus heróis, decompondo o que é belo, sagrado e único, para construir celebridades que se tornam galãs, ídolos e campeões que se reproduzem com a mídia. Esses deuses criados e sustentados pelo imaginário ditam normas de consumo e servem de sonhos e modelos para vida.

“No encontro do ímpeto do imaginário para o real e do real para o imaginário, situam-se as vedetes da grande imprensa, os ‘olimpianos’ modernos”. (MORIN, 1997: 105)

Segundo Edgar Morin, essas celebridades se igualam aos Olimpianos (com uma referência aos “Deuses do Olimpo”), elevam suas vidas a um nível de estrela e passam a ser idolatradas como deuses. Esses Olimpianos criam um mundo de sonhos e fantasias no resto da humanidade. Vivem uma vida dupla, meio real, meio fantástica, unindo sua beleza real às suas representações, passando a ser modelos de uma vida. Regina Duarte e seu tratamento com a filha em participações em novelas e também na vida real se tornam exemplo e modo de como muitas mães passam a cuidar de seus filhos. Esses artistas passam a ser sobre humanos. Mesmo quando morrem materialmente, eles continuam existindo como personagens, no mundo imaginário, nas revistas, jornais, rádios ou programas de TV, que reproduzem suas músicas, repetem novelas de que fizeram parte e assim, esses célebres revivem seus atos nos MCM e no imaginário das pessoas.

“Os novos olimpianos são, simultaneamente, Magnetizados no imaginário e no real, simultaneamente, ideais inimitáveis e modelos imitáveis; sua dupla natureza é análoga à dupla natureza teóloga do herói-deus da religião cristã: olimpianas e olimpianos são sobre-humanos no papel que eles encarnam, humanos na existência privada que eles levam. A imprensa de massa, ao mesmo tempo investe os olimpianos no papel mitológico, mergulha em suas vidas privadas a fim de extrair delas a substância humana que permite a identificação”. (MORIN, 1997:107)

Na história da TV brasileira, tradicionalmente, o protagonista principal sempre foi o famoso, o astro e estrela. Porém, atualmente Gente Comum vem sendo chamado a condição de protagonista. Contudo, no conteúdo da programação televisiva atual podemos perceber dois tipos de personagens: o famoso e o não famoso.
Criando um mundo de sonhos e fantasias no "resto da humanidade". Os Olimpianos, ou seja, as celebridades levam uma dupla vida, misturando o fictício com o real.
São eles: artistas, atletas, playboys, patricinhas, líderes de opinião, "Deuses do Olimpo", entre outros que se destacam diante de uma sociedade, passando a ser modelos de representações de uma vida. O famoso seria aquele que possui um equilíbrio em beleza, heroísmo e sucesso financeiro e repleto de carisma.
Sendo formatos de beleza e consumidores de produtos, eles realizam fantasias e satisfazem os anseios dos "meros mortais", que os tratam como superiores, fazendo deles seus ídolos. Vestindo roupas parecidas, cortes de cabelo igual, ou pregando fotos desses ídolos por toda parte da casa.
Estão sempre realizando sonhos; fazendo e sendo representações. Como: Chacrinha, Ayrton Senna, Marlyn Monroe, e outros que no auge de sua carreira, mudaram "de estado", deixaram de representar, para ser agora, representados, participando ainda da fantasia e do mundo imaginário das pessoas sempre com a mesma imagem do belo, nunca envelhecendo nem perdendo a popularidade. Por isso vivem com uma intensidade muito maior do que ex-célebres, como: (Tiririca, o grupo do Balão Mágico, Wanderléia, e outros). Que embora não tenham “mudados de estado", eles sim, deixaram de ser celebridades para criar celebridades. Estes envelheceram e deixaram de ser modelos, pois perderam a beleza, passando a ser reais, ou seja, um indivíduo comum, que saiu do mundo da fantasia para participar do cotidiano.
Cheios de destaque e brilho, são eles as Vedetes da imprensa, que intercruzam os meios de comunicação com a massa. E é essa informação, essa aparição que os fazem brilhar cada vez mais. Por isso passam a ser de interesse público o seu mais íntimo modo de vida. Sendo eles, um grande modelo da "Cultura de Massa" e do estrelato publicitário, "fazendo a comunicação entre três universos: o do imaginário, o da informação e dos conselhos e incitações de normas". Com isso é quebrado o modelo tradicional: "escola, família", para que os meios de comunicação através dessas vedetes da imprensa ditem as novas normas a se seguir.
Já, os não famosos são os Homens Comuns, aqueles de vida simples, que constroem os fatos, mas que não ganham títulos. Com pouca aparição nos meios de comunicação, o homem comum vive idolatrando celebridades, vivendo de imitações, está sempre copiando modelos impostos pelos famosos. Cria para si uma nova vida, a vida imaginária, misturando sua dura realidade (com mais trabalho do que diversão), com a emoção de uma novela, a paixão por seu cantor preferido (poder vê-lo de perto em um show) e a satisfação de poder fazer de um célebre seu ídolo.


“Chamado 'cada um' (nome que trai a ausência de nome), este anti-herói é também Ninguém, Nemo , da mesma forma que o Everyman inglês se torna Nobody ou Jederman alemão se torna Niemand. É sempre o outro sem responsabilidades próprias (“ a culpa não é minha, mas do outro: o destino “) e de propriedades particulares que limitam o lugar próprio (a morte apaga todas as diferenças). No entanto, mesmo neste teatro humanista ele ainda ri. E nisto é sábio e louco ao mesmo tempo, lúcido e ridículo, no destino que se impõe a todos e reduz a nada a insenção que cada um almeja”. (CERTEAU,1994: 60)


Segundo Michel de Certeau, o homem comum é aquele ser ordinário, que surgiu na modernidade em meio à confusão capitalista industrial da luta de classes. É aquele que escuta ordens, que se justifica, que não é admirado mas que admira. É ele o “homem sem qualidades” (uma referência a Musil), o trabalhador braçal, que constrói mas que nunca leva o nome. Fazendo parte da multidão, ele não é cada um, perante os meios de comunicação, ele não existe isoladamente, é apenas parte de um todo representado em um lugar comum. Esse lugar que o meio desconhece como cada um e ao mesmo tempo conhece e valoriza-o como espectador. Pois é esse homem, o homem comum que cria os personagens (os famosos apenas se tornam estrelas quando são queridos e desejados pelos fãs), lhes dá força e os faz viver nos meios de comunicação. E assim o homem comum é feliz, mas não pela consciência de criar personagens, mas pelo fato deles existirem e lhes proporcionarem modelos para consumo e construção de vida. Com isso ele não entende sua própria vida, ela passa a ser dupla: meio real, meio fantástica. Mistura momentos de sonhos com a dura jornada de trabalho de seu anonimato. Mas ele se sente bem, ele tem o direito de sonhar, de imaginar, aliás esse é seu papel, dependendo apenas do meio de comunicação para lhe reproduzir tais imagens. Ele pode até não ter algo, mas pode vê-lo com seu ídolo. E mais do que isso, pode escolher seu ídolo como um modelo e representação para seguir e adotar como um modelo próprio, porém ilusoriamente.
Como um homem marginalizado, ele deve sempre servir e só participa de decisões ou grandes eventos através da aproximação que os meios lhes proporcionam.
Mas um dia suas diferenças apagam. Ele é um homem que morre - essa é a lei do outro. Mesmo que sua vida íntima não interesse a ninguém, ele sabe que um dia se tornará igual, porém igual a outro "outro".

“O enfoque da cultura começa quando o homem ordinário se torna o narrador, quando define seu lugar (comum) do discurso e do espaço (anônimo) de seu desenvolvimento”. (CERTEAU, 1994:63)


Segundo Freud, citado por Certeau, a vida do homem ordinário é baseada na ilusão do espírito e na sua desventura social.
É um homem que não ri. Ele sofre. É submetido à vida da mentira e ao tormento da morte. Seu destino é desprezível e frustrado.
Um homem que nasce para servir e viver num futuro da ilusão. Pois esse homem cria imagens de superiores para viver. Sua vida comum não lhe satisfaz.
Com tanta luta e pouca recompensa, esse homem deposita todas suas crenças em Deus. Ele é um teocentrista nato, que transfere toda sua causa de existência a Ele. Submete-se assim, a essa vida "sem eira nem beira", sabendo e contentando-se com a vida que Deus lhe deu. E embora muito crente, ele é também um homem supersticioso, daqueles que transfere ao seu destino todas as suas faltas e incertezas.
Cheio de imaginação ele cria um mundo ilusório que lhe preenche e faz com que ele seja "cada um e ao mesmo tempo ninguém". Afirmando que apesar dele compartilhar de um espaço comum em uma vida comum, essa vida não interessa a outros "outros", a não ser ele mesmo.
Com isso ele monta um mundo imaginário, onde ele cria suas celebridades e vive como elas, fazendo com que elas sejam modelos aos quais ele deve seguir.
Sendo um grande admirador de seu ídolo, capaz de colocar em todos os porta-retratos da casa, fotos de seu artista preferido, deixando que eles insiram e coordenem sua vida quebrando um modelo tradicional pré-imposto – escola e família.
Analisar separadamente a vida do homem ordinário e a vida das celebridades é um ato quase impossível. A existência desses diferentes e quase opostos modos de vida, dependem uma da outra circunstancialmente.
Para ver essa existência mútua e até fazê-las trocar de posições é que existem os meios de comunicação de massa. São eles que apresentam um - Célebre - ao outro - ser ordinário, o homem comum. Fazendo dessa apresentação um círculo vicioso, onde os meios apresentam suas vedetes, criando celebridades que sustentam os meios, lhes dando audiência, sustentada pela massa, que é composta pelo homem comum - que ao mesmo tempo é recompensado a ter condições de ver e sentir algo que sua própria vida não é capaz de proporcionar.
E é essa transposição de atos (realidade - fantasia) que tem mudado a forma e a programação dos meios de comunicação. Tirando o homem comum do seu mundo ilusório, fazendo-os ser vedetes por um dia - em programas como o Sociedade Anônima, colocando-o lado a lado do seu ídolo, realizando seus sonhos e fazendo aparecer, em quadros como Um Dia de Princesa, A Princesa e o Plebeu; mostrando sua vida privada - antes desinteressante - ser de interesse público de forma trágica, engraçada, ou mesmo cotidiana (em programas como, Ratinho, Sílvia Popovic, Linha Direta e Cidade Alerta).
E é Essa pessoa que vem, cada vez mais, mostrando sua cara e até mesmo se unindo a celebridades nos programas de TV é o não Olimpiano. A pessoa comum que não foi ao programa para brilhar ou ser presença marcante, tanto que dias depois até seu nome é esquecido. O seu papel nesses programas é ser atendido na realização de um sonho, ficar cara a cara com seu ídolo, expor um fato engraçado ou trágico da sua vida, jogar em troca de prêmios, mostrar que é uma vítima do destino através do sofrimento vivido e até mesmo servir de palhaço (arrancando risos em vídeos cacetadas ou contando fatos íntimos de sua vida).

“É provável que, em média, o conhecimento dos americanos a respeito das vidas, dos amores e neuroses de semideuses e deusas que vivem nas alturas olimpianas de Bervely Hills ultrapasse de muito seus conhecimentos nos negócios cívicos”. (B. Rosenberg e D. Manning White)

As pessoas, num âmbito geral, têm grandes interesses por seus ídolos do esporte, da música e da TV, e com essa programação superpopular que vem invadindo o dia-a-dia da TV brasileira, a condição do fã saber e até conhecer seu ídolo se tornou potencializada e o homem comum deixou de viver o imaginário com seu ídolo para compartilhar com ele o “mundo cão” dos meios de comunicação.

“A mitologia eufórica do indivíduo privado dá lugar , a uma construção de utopias concretas como clubes de férias nos quais podem desabrochar virtualidades abafadas na vida cotidiana urbana dedicada ao trabalho e às obrigações, e, de outra parte, a problemática da vida privada em que a cultura de massas apresenta os problemas do casal, da sexualidade, da solidão, etc”.
(MORIN, 1986: 109)

Através dos programas coletados (Domingão do Faustão, Fantástico, Linha Direta, Sociedade Anônima, Sílvia Popovic, Programa do Ratinho, Show Do Milhão, Domingo Legal, Superpositivo, Hebe, Topa Tudo por Dinheiro, Raul Gil e Domingo da Gente), podemos perceber que a aparição de pessoas comuns se dá em cinco diferentes formas nos quadros da programação de TV aberta brasileira: Circo, Sonhos, Vítima, Jogos/Games, e Tribunal/divã, envolvendo em todos eles a construção da identidade da pessoa comum nesses programas, baseadas na aparência física, modo de vestir, cabeça baixa, fala acanhada e descomprometida – não se importam em preservar sua privacidade - a falta de identificação e a forma como se submetem ao apresentador.
Circo é uma condição exacerbada em que a pessoa comum vai ao ar, com o objetivo de aparecer na TV, ela sempre arruma um jeitinho para contar sua vida seja de forma constrangedora, engraçada, triste. Mas nesse quadro, por mais que seja triste ou dramática a história, sua característica é sempre arrancar risadas, em casos de traição, dívidas, tombos, calouros e histórias de família. Há também as vídeo cassetadas que mostram a pessoa comum em situação engraçada ou de risco. Outro exemplo do mesmo gênero nesse quadro dos programas superpolares é mostrar fatos bizarros como doenças como um caso de elefantíase acentuada, animais tendo relações sexuais com pessoas.
Uma das principais formas de identificar essa tipologia nos programas é perceber o cenário, no caso do Programa do Ratinho é enfeitado a caráter, é muito colorido, além dos personagens, que se vestem de maneira engraçada como se estivessem fantasiados.

O cenário é uma grande lona de circo. As paredes em cores vibrantes, vermelho, azul e amarelo. À direita ficam Sombra e o DJ. À esquerda fica a tribuna dos participantes, uma porta por onde entra as pessoas que fizeram pedido de DNA. Ao lado a banda e a janela do Xaropinho e do Tunico. No fundo tem a porta por onde entra os alguns convidados e do lado a “porta da esperança”. Todo o cenário é muito colorido e iluminado, com luzes estilo pisca-pisca por toda parte. No centro ficam as poltronas também nas cores azuis, amarelas e vermelhas. Como o programa tem muitas propagandas, a cada comercial um stand é montado. (Programa do Ratinho – 07/05/2001)

Outras características deste quadro são: a forma como são feitas as chamadas para iniciar um novo quadro, a maneira de identificar a platéia (“suas sirigaitas encalhadas”), os convidados (Solange da Silva – virou amante do amigo, ou, marceneiro – telefone de contato, amante de Solange); e os calouros do quadro Show de Calouros. Eles não vão com a intenção de realmente cantar, nunca terminam uma música sequer, são vaiados e ainda assim recebem cem reais por terem preenchido aquele espaço do programa.

Ratinho entra e começa o programa fazendo as chamadas do dia. Estas chamadas são sempre rimadas e no final de cada uma Ratinho diz “A cobra vai fumar”. Sombra logo em seguida chama a primeira atração. O bailarino diz que o Michael Jackson é veado, para puni-lo Ratinho lhe dá cacetadas ao mesmo tempo em que chama os “Novos cantores”. O primeiro cantor é de Minas Gerais, mostra-se um vídeo com imagens de Minas e a banda canta uma música de Minas. O cantor começa a cantar e é vaiado pela platéia por ser muito ruim. Ratinho o manda ir embora e chama o segundo cantor, que vem do Sergipe. Novamente passa um vídeo com imagens de Sergipe e a banda canta uma música do estado. O cantor mal canta a primeira frase e é vaiado pela platéia, Ratinho o interrompe e diz: “Leva cem (R$100,00) e não volta mais”. (Programa do Ratinho – 07/05/2001)

As pessoas comuns que vão ao programa do Ratinho, têm acentuada diferença de qualquer celebridade – barba mal feita, mulheres muito gordas e vestidas de forma escandalosa e cores fortes, seu vocabulário é composto basicamente de xingamentos (chifrudo, corno, piranha, vagabunda). Além da forte presença de fatos bizarros, em que a platéia e os personagens do programa riem e fazem brincadeiras e chacotas. Ratinho sempre consegue uma solução para o caso.

Na tribuna, Ratinho chama Maria de Lourdes, a mulher que era branca e ficou preta. Um caso raro que nenhum dermatologista conseguiu explicar. Maria de Lourdes levou a cunhada e contou a história. Um vídeo foi passado. Ratinho comparou as fotos da mulher e disse que ela é uma Michael Jackson às avessas. (Programa do Ratinho – 07/05/2001)

Esse quadro na maioria das vezes trata de assuntos como traição, brigas familiares ou com vizinhos para saldar dívidas e até mesmo roubo ou ameaças. Em quase todos os casos, o assunto é sexo, e as pessoas vão ao programa pra resolver seu problema e escutar conselhos do apresentador. Esses convidados se apresentam mal vestidos, mulheres com cabelos compridos, sem corte e mal cuidados, falam rápido, enrolado, de forma estabanada, discutem, falam todos ao mesmo tempo, enfim armam um grande barraco no ar. Com uma platéia, composta de pessoas que se submetem a sujar (Ratinho e os convidados jogam farinha, água e outras coisas que sujam a platéia), ouvir xingamentos (suas sirigaitas, seu bando de lavadeiras), em troca de aparecer na TV, fazer parte de um programa.

Sonho ocorre quando a pessoa comum vai ao programa com o objetivo de realizar seu sonho ou desejo de conhecer um ídolo, de ganhar uma casa, de rever a família. Enfim, a pessoa está lá para obter um ganho pessoal.

A telespectadora, Dona Laudeci escreveu uma carta para o programa fazendo um pedido. Ela gostaria de que o programa realizasse o sonho de Vera, sua filha e Michelle, sua sobrinha para assistirem ao show do grupo internacional, Backstreet Boys. O show estava para acontecer em São Paulo. A matéria começa com a chegada da produção na casa de D. Laudeci. A residência de Laudeci é simples e fica numa região pobre de São Paulo. Ela conta que a filha e a sobrinha estavam loucas para assistirem ao show dos Backstreet Boys. Quando vêem a produção do programa chegando, as duas garotas ficam emocionadas. Cada uma delas agradece pela oportunidade de conseguirem realizar o sonho. Vera, Michele e D.Laudeci foram assistir ao show. Enquanto elas estavam no show, foram mostradas imagens do espetáculo. Ao final elas agradecem novamente a Netinho pela chance e pela alegria de poderem ver seus ídolos de perto. (Domingo da Gente 06/05/2001)


Essa espécie de quadro de realização de sonhos é uma reafirmação de que fã e ídolo são diferentes e representam papéis diferentes. O homem comum idolatra, sonha em conhecer, ver de perto, poder pegar na mão, enfim, estar cara a cara com seu ídolo. O que envolve esse quadro são cartas com o pedido de realização do sonho, dinheiro, casa própria, carro, passar o aniversário ao lado do ídolo, o fato de aparecer na TV, ganhar algo, rever alguém, conhecer um ídolo, envolve sentimentos como alegria, emoção, tristeza, choro, sorrisos e felicidade da conquista do sonho.

D. Aparecida Lopes escreveu para o programa para solicitar a realização do sonho do marido, João, que desde jovem sonha em ter uma sanfona. Na chegada da produção à casa de João, Aparecida fica emocionada ao saber que teria o sonho do marido realizado. O repórter Humberto Ascêncio vai até a firma na qual João trabalha. Aparecida comunica ao marido a felicidade de poder realizar o sonho dele. Ele contou para o repórter que nunca pôde comprar uma sanfona. Em seguida, todos vão até uma escola de música. Primeiramente, João ganhou uma bolsa de estudos de um ano para ter aulas de música. Uma professora da escola demonstrou a ele como se toca, mas tudo não passou de uma brincadeira. O “professor” que lhe entregou o presente foi o sanfoneiro Dominguinhos. João e principalmente Aparecida ficaram muito emocionados. Ao final da matéria, Dominguinhos canta para o casal agradecendo a Netinho pela oportunidade. O casal vai ao programa e são recepcionados por Netinho. D.Aparecida tinha também o sonho de conhecer Netinho e ganhar um CD dele. O sonho foi realizado e ela ganhou um CD do grupo Negritude Jr., na qual o apresentador diz ser a melhor banda do Brasil. (Domingo da Gente – 06/05/2001)



No caso acima, as palavras sonho, realização, emoção, agradecimento, entrega, presentes, conhecer, ídolo, são elementos que comprovam a coexistência mútua de dois seres: o homem ordinário e o olimpiano, um que tem os sonhos e outro que pode realizá-los. É nesse momento dos programas que a pessoa comum expõe sua vida para comprovar a falta de condição na realização do sonho. É aí que há a permuta entre ídolo e fã , um admira, faz o outro existir e em troca o outro oferece a possibilidade de mostrar sua vida, realizar desejos e de servir de modelo. No programa Domingo da Gente, além de realizar sonhos, o apresentador Netinho de Paula, tenta, em um de seus quadros, elevar o papel da pessoa comum. No quadro Dia de Princesa, além de ser chamada de princesa, o tratamento por ela recebido é equivalente ao título. A sorteada do dia passa por um banho de loja e de visual, fica em um hotel de luxo, entre outras vaidades que sua dura realidade não poderia oferecer. Ela tem que contar com a própria sorte e confiar no destino, para ser sorteada e logo que isso acontece, ela deve expor sua vida. Contar casos tristes que emocionem os telespectadores, e viver um dia de alegrias e emoções – Um dia de Princesa. No primeiro contato entre princesa e Plebeu, percebe-se logo o sentimento da diferença, menina simples, casa e família simples, tendo contato face a face, com Netinho, rico, bem apessoado e apresentador de TV, sem falar da limusine, carro luxuoso, que a princesa nunca deve ter ao menos visto anteriormente, vai passar um dia inteiro dentro dele. O próprio apresentador ao falar da princesa do dia, destaca suas diferenças “Ela é toda envergonhada, toda assim bobinha, mas hoje ela é a princesa do dia”. E ela se comporta como se estivesse em frente a seus superiores, com um sonho realizado pela primeira vez.


Netinho conta um pouco sobre o bairro da Penha, onde a princesa do dia vive. Quando o plebeu – Netinho de Paula - chega a casa da princesa, ela fica emocionada, chora e dá um forte abraço nele. A conversa dos dois começa com Fabiana mostrando a agenda pessoal, com fotos de Netinho. Ele pede à princesa e ela lê a carta que enviou ao “Domingo da Gente” contando um pouco de sua vida e de seu sonho que era morar com sua mãe e seus irmãos. O primeiro problema que o plebeu encontra foi o mau relacionamento com a mãe, os avós e os tios. Ela mora na casa da tia e está sem emprego. Netinho propõem ir à casa da mãe de Fabiana. No trajeto eles conversam e a princesa conta um pouco da saudade que tem do pai. Ela afirmou que viu o pai pouquíssimas vezes na vida.
Ronildo, suposto pai de Fabiana, ficou surpreso com a presença da produção, mas tem dúvidas se é pai ou não da princesa. Ele é levado de Jacutinga, cidade próxima a Ouro Preto-MG, até São Paulo para fazer um exame de DNA.
Já à noite, num restaurante com uma mesa grande e confeccionada, a família de Fabiana chega para o jantar. O plebeu, com uma aparência elegante, recepciona a princesa no elevador do hotel. Ao chegarem na mesa de jantar, toda a família os recepciona com aplausos.

O Programa do Ratinho também realiza sonhos, não apenas de conhecer o ídolo, mas também de resolver casos Bizarros, ou tratamento de doenças.

Na tribuna Ratinho atende o desejo de Xandão, de Guaratinguetá, de conhecer o cantor Sérgio Reis e tocar berrante com ele. É o quadro “Meu sonho”. Alexandre, Xandão para os íntimos, tem uma doença chamada Cornélia Lange, mas gosta e participa de todos os rodeios da região. Ratinho manda mostrar o vídeo com a vida do garoto, depois brinca falando mal de Sérgio Reis. Pede então para ‘abrir a porta da esperança’ e aparece Sérgio Reis. Sérgio canta a música ‘Panela Velha’ a pedido do garoto, que dança. Depois canta sua nova música de trabalho ‘Cunhada Boa’ e Ratinho manda Vanessa (assistente do programa) dançar com Xandão. Sérgio toca berrante e depois o dá para o garoto junto com um chapéu da marca Sérgio Reis, um CD e um cinto. (Programa do Ratinho – 09/05/2001)

Há programas como Show do Milhão, que diretamente, não realizam sonhos, porém, oferecem grandes quantias em dinheiro para quem jogar melhor. E com o dinheiro ganho no programa, essas pessoas comuns realizam sonhos e mostram no programa o que fizeram com o dinheiro. Como é o caso de Odete, a primeira participante do programa que foi ao programa como objetivo de ganhar dinheiro para fazer uma cirurgia plástica no filho que se queimou com álcool, e acabou ganhando no programa um valor bem maior do que o esperado. A dádiva, o merecimento.

Todos os convidados têm desejos. A primeira participante Odete, dona de casa e mora em São Paulo, escreveu para ganhar o dinheiro que necessita para fazer a cirurgia plástica no filho Ciro, que se queimou com álcool em um churrasco com os amigos. Se conseguir mais do que precisa quer comprar uma casa própria. Ela conseguiu 50 mil reais. (Show do Milhão – 06/05/2001)

Um sonho sempre chega acompanhado de outro, cura de doença e o contato com ídolo, é um exemplo. A pessoa comum tem como base às celebridades, que, no contato da realização de sonhos muitas vezes fazem doações, alegram e destraem seu fã, retirando-o, momentaneamente, da dura realidade.

Gugu chama Lucas, de 5 anos e com paralisia cerebral, para realizar seu sonho. A tia que o leva diz que o garoto tem dois sonhos um é andar (ele está quase conseguindo) e o outro é conhecer Van Damme. O ator tira foto com o menino, luta com ele e o pega no colo. O ator ainda dá uma camisa para a tia do garoto e pede para ela deixar o tamanho da roupa que o menino usa para ele mandar uma camisa pelo correio. (Domingo Legal – 06/05/2001)


Vítima é alguém que sofreu alguma forma de agressão física ou psicológica e vai ao ar para narrar seu fato e pedir por justiça, como no programa Linha Direta, para que prendam o bandido, que te paguem aquela conta como no Programa do Ratinho, que achem sua filha seqüestrada. O próprio Datena ao iniciar seu programa fala apenas de crimes e injustiças sociais.

Estudante de Direito é morto num apartamento em São Paulo – Garota morre na fila do hospital – Pais acusam médico na morte do filho recém-nascido. Ele foi internado, recebeu alta e depois morreu em casa. (A matéria começa com o pai falando como aconteceu (usa camisa com listras – tom de voz alterado – ao fundo muitas pessoas) (Cidade Alerta – 07/05/2001)).


Programas como Cidade Alerta e Programa do Ratinho têm como objetivo, relatar casos de violência física com o objetivo de capturar e punir o culpado. As vítimas ou famílias de vítimas, expõem fatos que são reproduzidos por artistas. É mostrada uma foto do bandido e o objetivo da família é pedir por justiça. Uma das principais formas de identificação de pessoas comuns nesses quadros são através de fotos das vítimas ou dos culpados, além de filmagens e voz.

O repórter Ney Inácio conta a história de uma enfermeira que roubou um bebê de dentro de um hospital. A mãe do bebê, Francineide conta como a enfermeira entrou e levou a nenê do quarto da maternidade. Chorando muito ela diz: “Eu não me conformo, como uma pessoa entra no hospital e rouba meu filho. Como ninguém a viu saindo?”. O repórter, na casa de Francineide, mostra o berço do bebê cheio de orações e bíblia. Mostram as fotos da mãe grávida, dias antes do parto, todos alegres com faixas de boas vindas. Ratinho chama no palco os pais do bebê e diz: “Se alguém souber qualquer coisa sobre a quadrilha que entre em contato com o programa. Eu só peço para ninguém dar trote neste caso, que é sério. Nós já mobilizamos toda polícia do Brasil e peço para a quadrilha devolver a bebê porque eu tenho que devolver esta criança para os pais”. A mãe chorando conta a resposta que obteve do diretor do hospital sobre o caso: “... o diretor geral do hospital disse que não houve negligência”. Ironicamente Ratinho pergunta: “Como não houve?”. Eles vão embora com o apelo a quadrilha para que devolva o bebê. (Programa do Ratinho – 09/05/2001)

Nancy (11 meses) filha de Adriano (23) e Adriana (18) que morreu na fila do hospital esperando por atendimento médico, no dia 24 de maio. A mãe entra no palco com a avó da criança. Chora muito e faz um apelo para as autoridades. Ratinho fica indignado. Aos gritos diz que “na campanha os políticos falam muito. É mais bonito melhorar a saúde do que pintar a cidade, né dona Marta”. Ratinho muda um pouco de assunto falando de outras causas populares. Revoltado, grita, gesticula. (Programa do Ratinho – 07/05/2001)

Na tipologia das vítimas o que é explorado é o sofrimento das pessoas, que contam seus casos revivem a história de um assassinato em família, morte por falta de assistência, brigas de herança, estupros, roubos, enfim, revivem fatos dolorosos de suas vidas, frente ao grande público com o objetivo de pedir por justiça, e resolver seu problema, defendendo-se de ameaças, ver preso o bandido, conseguir seu dinheiro de volta.

Jogo/game é um tipo de quadro ou programa que realiza os mais variados tipos de disputa oferecendo em troca um prêmio para o vencedor, normalmente esse prêmio é uma certa quantia em dinheiro. Acontece quando a pessoa vai a um programa para jogar com o objetivo de ganhar algo em troca. Show de calouros, Show do Milhão - perguntas e respostas, a melhor piada, e diversos jogos oferecidos e bolados pelos programas para atrair participantes, jogadores. Uma das características desses programas é ter pessoas para avaliar os participantes, são eles os jurados.

O quadro "Quem sabe canta, quem não sabe dança" é um concurso de calouros com júri. O concurso começa com o casal Carlos e Eliana, que são dançarinos do programa, fazendo uma demonstração. Neste quadro, uma pessoa tem que cantar bem, caso contrário é eliminado. A primeira candidata foi Maria Lisboa. No momento em que a moça cantava, os jurados faziam sinais de negativo e o dançarino Carlos pegou a moça para dançar. Ela ganhou R$ 50 pela participação e saiu cabisbaixa. (Raul Gil – 12/05/2001)

O Programa do Raul Gil tem o objetivo de atrair os telespectadores com a qualidade dos seus calouros, já programas como o Programa do Ratinho, objetiva brincar, ser engraçado, fazer rir, sem se preocupar com a qualidade dos cantores. Não há seleção, e todos ganham a mesma quantia em dinheiro, esse quadro do Ratinho se mistura entre circo e games.

Ratinho e sombra fazem as chamadas e chamam os “Novos Cantores”, entra Daniel de São Paulo, que ganha R$ 100,00 sem conseguir cantar direito pelas vaias. A segunda é Helena da Bahia que canta ‘Pão de Mel’. Ela começa a cantar e a platéia vaia novamente. Xaropinho elogia “muito bom”. Ratinho fala com a platéia: “Vocês não entendem nada de música e ficam vaiando”, chama Vanessa, que trabalha no programa, para cantar com Helena, mas não tem jeito. Helena também ganha R$100,00. (Programa do Ratinho – 10/05/2001)

Com uma característica diferente, o programa Show do Milhão realiza perguntas e respostas que acumulam valores em dinheiro a cada resposta que o jogador acerta, tendo como prêmio máximo um milhão de reais. Além de apresentar as perguntas ele também especula a vida dos participantes, perguntando desde o que vai fazer com o dinheiro como é sua vida antes do Show do Milhão. As pessoas vibram quando são escolhidas para participar do programa. Para esse programa as pessoas vão, em sua maioria, bem vestida e penteada, parecem ser produzidas pela equipe do programa antes de ir ao ar. Uma das principais características da pessoa comum no Show do Milhão é a simplicidade. As pessoas demonstram dúvida, nervosismo, insegurança, medo e vergonha de errar. Elas confiam na opinião e sugestão dos convidados e do apresentador, misturam desespero com felicidade, rezam e espera sair dali a realização de um sonho. As principais realizações que são feitas através do valor ganho no programa, são para comprar a casa própria, saldar uma dívida, comprar carro, resolver problemas de saúde.

Sílvio Santos começa o programa apresentando os 12 convidados. Fala sobre o computador do Milhão, o primeiro computador popular e sorteia a primeira participante, Aninha de Apiaí (BA). Ela é vendedora de lingeri, Sílvio diz: “Você vende calcinha, cueca, soutien e quanto isto dá por mês?” Ela responde um salário e meio. Aninha levou sua cunhada Rosiclei, a sócia na compra da revista. Rosiclei trabalha em um escritório de contabilidade e ganha um salário mínimo (R$180,00). O sonho de Aninha é ganhar 15 mil reais para comprar uma casa. Ela conseguiu 20 mil. (Show do Milhão - 09/05/2001)

Programas como Domingo Legal e Domingão do Faustão também têm disputa, como grupos de dança, cacetadas, piadas e olimpíadas como a forma de aparição nos meios de comunicação pela pessoa comum e da exploração do ridículo pelos meios de comunicação, e aí mais uma vez o game se misturando com o circo, ao mesmo tempo em que há uma disputa, há também, situações esdrúxulas, que diminuem o papel representado pela pessoa comum.

No ‘concurso de funk’ se apresentam Bruno e Marcelo que vestem calça larga e camiseta, lenço e colar e óculos. Atrás, as ‘Popozudas’ dançam com eles. A segunda dupla é Carla e Priscila que vestem calça capri, sandálias de salto e top. Depois da escolha da dupla vencedora (votado pelos convidados) o grupo ‘É o Tchan’ canta, agora em versão funk. (Domingo legal – 13/05/2001)

Tribunal/Divã é encontrado em quadros que julgam ou aconselham as pessoas que foram lesadas por algum motivo. Tribunal: pedir exame de DNA, pensão alimentícia, acertar dívidas pendentes. Divã: falar de problemas amorosos, familiares e ouvir conselhos do apresentador. O objetivo do quadro é resolver problemas. As palavras chave são exposição do fato, reconciliação, DNA, traição.

“A Ana disse que de tanto a irmã sair para comprar pãozinho, a bisnaguinha entrou no forno e saiu um pudinzinho”. Ratinho ri e finge se irritar com a frase de Sombra. Sombra a refaz: Está escrito assim: A Ana trouxe a irmã da Bahia. Ela começou a namorar um padeiro e ele começou a administrar o forno dela”. Ratinho manda entrar Ana, que conta toda a história. A irmã, doente mental, apareceu grávida depois de 4 meses que morava com Ana. Ela conta que a irmã acusa Severino, dono do bar perto de sua casa, e seu cunhado, com quem teve uns chamegos. Severino compareceu ao programa com sua esposa, nenhum dos dois quiseram aparecer. Ficaram protegidos por uma tela trocando desaforos com Ana. Severino começou a justificar seu comportamento com a menina e Ratinho ironicamente perguntava-lhe: “Você não tem culpa? Nunca encostou um dedo nela? Você é inocente?”. Ana diz: Tentei falar numa boa, pessoalmente com ele. Mas eles não quiseram me atender. Aí vim no Programa do Ratinho que é super rápido”. Ana, Severino e sua mulher ficam xingando uns aos outros. Ratinho para terminar a discussão pede o exame do DNA. (Programa do Ratinho – 09/05/2001)

André conta seu caso. Sua mulher, começou a traí-lo com o padrinho de casamento deles. André disse que João, o padrinho, chegava em sua casa mandava ele andar de moto e ficava com sua esposa. João hoje tem 2 mulheres e 7 filhos. Cilene, mulher de André, conta que deixou seu marido porque ele foi para zona (puteiro) e passou sífilis para ela e foi João, o padrinho, que a amparou quando ela estava doente. André disse que João mandou lhe bater. Ratinho mandou um recado para João: “Se você encostar nele, você vai se ver comigo!”. Ratinho pergunta a Cilene se ela gosta de André. Ela responde que não quer voltar com ele não e “gosta um pouquinho do compadre” e fala que a culpa é de André deles terem terminado. “Ele não me deu carinho durante o tempo que fomos casados. 14 anos juntos”. Ratinho chama o advogado e pergunta a ele se “não quer me ajudar a fazer estes 2 voltar?”. O advogado sai para conversar com os dois. (Programa do Ratinho – 09/05/2001)

Ester conta que vendeu um terreno para seu irmão para ele construir um salão, mas o irmão não a pagou. Ratinho chama o irmão de Ester, João, que entra calmo, como se nada estivesse acontecendo com ele. Ao vê-lo agindo daquela forma, Ester começa a bater nele. Ratinho retira-se do palco, deixa-os brigando, depois chama o advogado para dar o parecer da justiça. Ele pede para que os irmãos acompanhem o advogado para resolver o caso. (Programa do Ratinho – 09/05/2001)

Nesse quadro do Tribunal, Ratinho resolve com a ajuda de um advogado, os casos de separação, dívida e paternidade oculta, através do exame de DNA.
Já no Divã, retratado no programa da Sílvia Popovic, é parecido a uma consulta a um psicólogo, quando as pessoas contam seus casos e se aconselham com as opiniões de Sílvia e mais do psicólogo convidado. Além de ouvir sugestões de outras pessoas comuns através de enquetes nas ruas, e casos parecidos de outros convidados

Além da tipologia acima definida existem outras formas de diferenciar o homem comum da celebridade de acordo com cada programa da TV, estando entre essas formas a aparência física, a forma como se vestem , a maneira como são apresentados, o jeito como se comportam, a forma como são tratados e identificados durante os programas. Muitas pessoas que aparecem nos programas têm pouquíssimas formas de se identificar, como as participações por telefone, em que é falado o primeiro nome da pessoa, mais a cidade onde mora. E participantes de enquetes nas ruas, que são identificados apenas através da aparência física, sem um nome ou qualquer outra forma de identificação.
E assim podemos perceber que esses dois personagens existem e não se misturam nem se confundem na grade da programação superpopular brasileira. Pois, embora estejam apenas representando papéis, estes são bem definidos e separáveis. Principalmente, se estão lado a lado num encontro de fã mais ídolos é que cada um representa sua função e reafirma seu lugar, o de ser idolatrado e o de idolatrar. Rafaela, uma fã de Fábio Azevedo, escreve para o Domingão do Faustão e diz que seu sonho é conhecer o ator e seu ídolo Fábio Azevedo. Faustão, ao entrar em contato com ela diz:
_Você está agora no Domingão do Faustão. Você é fã do Fábio Azevedo?
E Rafaela responde:
_Ai que vergonha. Eu sou fã dele sim, ele é lindo, lindo.
Quando Fábio Azevedo chega, Rafaela o abraça apertado.
Além da pessoa comum como convidado, existe também a pessoa comum que compõe a platéia do programa. A platéia é como se fosse um utensílio, pois apesar de coordenada por um animador, é ela quem grita, se desespera ao ver um artista, chora, ri, vaia e assim preenche o programa, as pessoas da platéia são tratadas como coisa, ao passo que não têm fala, nome ou qualquer outra forma de identificação. É a erosão do singular de que fala Certeau. Enfim, não são bem tratadas, quando um cantor (a) entra no palco e cumprimenta, a platéia gritava eufórica, desespera, ri e chora ao mesmo tempo, como uma forma de carinho ao receber alguém superior.É a reverência de que se cerca o olimpiano, como diz Morin.
Além da forma de tratar existem outras formas que separam gente comum e celebridade e devolvem fã e ídolo a seu lugar mesmo estando em um mesmo ambiente. Além de um ser idolatrado e o outro idolatrar, Gente Comum, todas as vezes que aparece nos programas, reafirmava o seu papel de não estrela.
Como se nota, nos programas, quem não é artista não recebe o melhor tratamento ou visibilidade do programa. Tem uma forma de identificar geral (estamos aqui com a caravana tal, com a cidade tal) ou quando individual é de maneira especulativa, tentando adentrar na privacidade dessas pessoas.
Contudo Gente Comum e Olimpiano são expressões utilizadas para situações momentâneas. Uma pessoa não é Gente Comum ou Olimpiano mas sim está ou é qualificado como tal em fatos ou situações que representam. Um artista se torna alguém famoso quando aparece no jornal, revista, rádio e televisão, e a condição para que ele permaneça famoso é que essa aparição continue freqüentemente, como aconteceu recentemente com a atriz Mel Lisboa, que há seis meses atrás, antes de fazer um teste para uma minissérie da Rede Globo, era totalmente comum, desconhecida, e depois da minissérie, apareceu e continua aparecendo em programas de TV, revistas, campanhas publicitárias e assim se tornou estrela. Sua aproximação aos “deuses do Olimpo”, se dá pela onipresença, ou seja, pelo fato de estar presentes com freqüência nos meios de comunicação, e essa aparição é dada em momentos, tanto que de tempos em tempos os artistas do auge são substituídos. Contudo, mesmo com um sucesso flutuante e dependente de muitas estratégias da mídia, os Olimpianos têm uma presença marcante, com um brilho próprio, que não é esquecido com facilidade, diferente do homem comum, que tem um tempo de aparição mais curto, e que não consegue fixar sua imagem para os telespectadores.
Como foi tratado no texto, percebe-se que essa é uma situação momentânea, qualquer pessoa pode estar Gente Comum, até mesmo os famosos quando se sentem felizes ao escutar a uma música do seu cantor preferido, quando ao assistir a um filme ou uma peça teatral fogem da realidade para o imaginário produzido e cheio de efeitos, ou mesmo quando sonham em conhecer ou ser igual àquele artista de cinema de Holywood.
Para dar exemplos mais plausíveis, basta perceber e analisar fatos recorrentes nos programas aqui citados e distinguir através de papéis que representam, os quadros que se encaixam, a aparência e o que estão fazendo no programa e a forma que são tratados e identificados no programa.
Sendo assim, analisar separadamente o homem comum do célebre nos meios de comunicação é um ato quase impossível. Esses diferentes e quase opostos modos de vida dependem um do outro para existir, necessitando dos meios de comunicação de massa para fazer essa ligação. São os meios que apresentam um (célebre) ao outro (homem comum), fazendo dessa apresentação um círculo vicioso. Os meios apresentam suas vedetes, criando celebridades que sustentam os meios lhes dando audiência, sustentada pela massa composta pelo homem comum que é recompensado por poder fazer parte de um mundo – o mundo mágico da TV – que sua vida não é capaz de proporcionar. O homem comum pode se realizar, aparecer nos meios de comunicação, conhecer seus ídolos, contar sua vida, acusar alguém, jogar, chorar, fazer chorar, sorrir e fazer sorrir. No entanto, esse é seu momento único, instantâneo, sua realidade é outra. E é essa transposição de atos (realidade/fantasia) que tem mudado a forma e a programação dos meios, tirando o homem comum do seu mundo ilusório fazendo-os ser vedetes por um dia em programas como Domingão do Faustão, Fantástico, Linha Direta, Sociedade anônima, Sílvia Popovic, Programa do Ratinho, Show Do Milhão, Domingo Legal, Superpositivo, Hebe, Topa Tudo por Dinheiro, Raul Gil e Domingo da Gente, colocando a pessoa comum lado a lado com seu ídolo, realizando seu sonho, fazendo-a aparecer, mostrando sua vida privada, antes desinteressante, ser agora de interesse público de forma trágica, engraçada ou mesmo cotidiana, até que a programação acabe , essas pessoas comuns sejam esquecidas e dêem seus quinze minutos de fama a outro “outro”.


CONCLUSÕES

A exibição de pessoas comuns como protagonistas, pessoas estas “reais” em situações “reais” e em programas “reais”, tomadas em seu ambiente privado ou expondo suas questões íntimas, compõem o quadro de referência a partir do qual se constrói a programação “superpopular”. Sobretudo, compõem uma “narrativa”, por meio da qual se viabiliza todo um processo de construção de identidade.
Como narrativas, não só apresentam os elementos que compõem esse gênero discursivo (a existência de um enredo, de personagens, de um narrador e um tempo/espaço próprio), mas servem de articulador de processos identitários. Compor uma narrativa é, antes de tudo, o movimento de criar um universo, definir um universo de referência, e organizar o mundo, o ambiente e as pessoas, dentro de um enredo – narrar é, pois, essa atividade organizante, essa experiência de organização da experiência dos sujeitos.
Conforme os autores que têm discutido o caráter discursivo dos processos de formação de identidade, entre os quais se encontra Hall, a narratividade consiste numa das operações efetuadas pelo discurso na construção de identidades, na medida em que ela invoca origens e pertencimentos, seleciona fatos que marcam a trajetória de sujeitos, estabelece lugares e posições sociais. Isso porque vem ganhando espaço, no âmbito das ciências sociais e particularmente no campo da Comunicação, uma concepção estratégica e posicional da identidade, em oposição às concepções tradicionais, essencialistas.
No caso dos programas superpopulares, existe toda uma narrativa que se quer ou se postula como real, como verdadeira, autêntica, e que envolve o sujeito concreto, comum, ordinário do cotidiano (semelhante ao telespectador) tomado em seu ambiente mais natural, intensamente vivido – o terreno do doméstico, do íntimo. A narrativa dos PSPs é uma narrativa do Brasil – de um dentre as várias possibilidades de retrato de um Brasil. Mas, narrativa hegemônica (porque consolidada, repetida, copiada, inspiradora de vários novos programas) num meio também hegemônico (a TV, meio de comunicação mais presente nos lares de todo o país), do que resulta a grande força simbólica e potencial de identificação da programação superpopular no cenário da cultura brasileira contemporânea. Nesse sentido, nosso trabalho converge para a linha contemporânea de estudos culturais que têm procurado compreender o conteúdo dos meios de comunicação de massa correlacionando-os aos anseios, desejos, tendências e conflitos de uma determinada população, num contexto histórico específico. Entender os PSPs é entender, em parte, como pensa e o que sente a população brasileira da década de 90.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. In: LIMA, Luiz Costa. Teoria da cultura de massa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
BERGER, Peter; LUCKMANN, Thomas. Construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1985.
CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
HALL, Stuart. Quem precisa da identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu. (org). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
GIDDENS, Anthony. A transformação da intimidade. São Paulo: Unesp, 1993.
GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1994.
GOMES, Wilson. Esfera pública política e media: com Habermas, contra Habermas. In: RUBIM, A. et al. (orgs). Produção e recepção dos sentidos midiáticos. Petrópolis: Vozes, 1998, p. 155-169.
KELLNER, Douglas. A cultura da mídia. Bauru: Edusc, 2001.
LIMA, Venício. Mídia: teoria e política. São Paulo: Perseu Abramo, 2001.
MARTINO, L; HOHLFELDT, A.; FRANÇA, V. Teorias da comunicação: escolas, conceitos, tendências. Petrópolis: Vozes, 2001.
MATTELART, Armand e Michèle. História das teorias da comunicação. São Paulo: Loyola, 1999.
MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1977.
RODRIGUES, Adriano. Comunicação e cultura: a experiência cultural na era da informação. Lisboa: Presença, 1994.
SILVA, Tomaz Tadeu. O que é, afinal, Estudos Culturais? Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998.
THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.
(Este projeto foi uma adaptação (para a pós-graduação) de meus artigos elaborados para pesquisa de iniciação científica feita em parceria com dois colegas da faculdade - MOrgana e André, sob a orientação do Casal. A pesquisa recebeu 1° lugar no Concurso de Iniciação Científica Vera Giagrande - Intercom 2002).

domingo, 21 de setembro de 2008

Cultura em Catguases - Semana Movimentada


Essa foi mais uma semana bastante movimentada culturalmente em Cataguases. Lançamento de exposição de artes plásticas na Chácara D. Catarina e no Instituto Francisca de Souza Peixoto, realização do projeto Arte Boa Praça da Casa Simao e Minas ao Luar na Praça Rui Barbosa...

Cataguases é assim, uma cidade repleta de atividades culturais e que apresentou nessa semana show, teatro, arte visual, visita guiada com foco na aqruitetura e arte do município.

Visite Catguases! participa de sua cultura...



17 a 21 de setembro - segunda edição do Projeto "Arte Boa Praça".

(programação completa: http://www.fundacaosimao.org.br/arte_boa_praca_2008.html)

19 de setembro - Clara Sampaio e Mário Tolda lançam exposição no Instituto francisca de Souza Peixoto - Intervenção: "A Escultura e o escultor"com Fernanda Godinho e Jacqueline Gouvêa sob a direção de Carlos Sérgio Bittencourt.

19 de setembro - lançamento de exposição no Museu Chácara D Catarina com a coleção: Roberto Rugiero

20 de setembro - Minas ao Luar

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Lufat em poesias e telas!


A artista plástica Lufat se apresenta no Teatro Rosário Fusco, do Instituto Francisca de Souza Peixoto, às 20h do dia 26 de setembro.
Poesias e telas da Vaca Setembrina aos Verdes Cataguasense!!!

sábado, 6 de setembro de 2008

NOVIDADES....


A TRADIÇÃO DA DIGITAL EM LONAS - ADESIVOS - PIANÉIS - PLACAS - FAIXAS LETREIROS E MAIS....

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O Mistério de uma Pincelada

por Altamir Soares*

Imergir no universo do artista é perigoso tal é a individualidade de cada um. Portanto, nesta matéria, me limitarei a falar epidermicamente, do trabalho de Ady Resende, a meu ver, um ícone de minha geração... e falar de nossos ídolos é complicado, temerário.
Quantos ao longo do tempo que passamos por sua sala de aula e guardamos em nós, graças ao seu dedicado trabalho de educador, os conhecimentos sobre artes.
Ady andou sumido, por opção pessoal, mas agora vem agora com uma mostra de seus trabalhos. A exposição teve início em agosto e vai até meados de setembro no Instituto Francisca de Souza Peixoto. Pena que não tenha trazido a lume seus trabalhos inéditos.
Ady Resende me lembra os Impressionistas, com suas lutas e desavenças, suas diferenças entre si e com a sociedade; Ady me lembra Camille Pissaro - um senhor de certa idade e de conhecimento artístico fecundo que todos reconheciam - sempre pronto a atender os amigos Monet, Cezzane, entre outros. Com Ady não é diferente: quando o assunto é arte, há sempre de sua parte a disposição para uma boa prosa!
Um homem simples no seu mundo, dono de pinceladas bem acabadas, com destaque para a preocupação impar com as cores. “Os artistas hoje não querem mais misturar as tintas”, observa. Isso demonstra conhecimento, palavra de quem descarta os modismos e acredita em si mesmo como criador.
Uma das características do Impressionismo é a busca do belo, mas, nas telas de Ady predomina o mistério deixado ali propositalmente, revelando a influência do Surrealismo (o sonho, o irreal de Breton ou Dali). Nosso artista não fecha as portas de sua criação nem mesmo para o expressionismo (Munch com sua solidão) quando pinta figuras desfiguradas, alongadas, enigmáticas, solitárias, numa busca desigual dentro de si: um mundo real ou não, podendo ser da figura, do quadro como um todo ou do próprio artista. O importante é que a obra faz com que o espectador observe toda a estranheza no olhar, sem fugir de si mesmo e pense, pense muito. O mais interessante é que as telas do mestre são construídas com a delicadeza das cores em pinceladas sutis, sobre temas que enlevam e fazem-nos mais humanos.
Conhecendo as obras de Ady Resende, com certeza você também irá conhecer o homem contido em cada figura, em cada cena descrita pela forma, cor, e pelos pensamentos ali traduzidos. Como bem diz o nosso professor: “numa obra tudo tem que estar no lugar certo, mas deixando transparecer sempre o mistério das coisas, do mundo, para não perder a graça, o nome de arte.” Assim é Ady Resende.

*autor Altamir Soares (professor de arte, artista plastico)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Mãos de Arte!!!

Uma honra estar ao lado do Sr. Ady (o Senhorzinho mais simpático e querido que já conheci). Um grande homem, uma grande história - história com a arte! A história das mãos de Ady que constroem arte com a beleza natural e divina. Em exposição no Instituto Francisca de Souza Peixoto, confira Ady Resende e Oscar Araripe no Espaço Tratos Culturais até o dia 13/09.

O Sorriso da Arte!!! oscarararipe em Cataguases...


Cida e Oscar Araripe acompanhados do artista Plástico Cataguasense Silva Costa
A beleza das flores na Beleza da arte!!!



Taiman Santana e Juliana Moura se apresentam na noite de Lançamento da Exposição de Oscar Araripe e Ady Resende no Espaço Tratos Culturais do Instituto Francisca de Souza Peixoto. Visite até o dia 13/09.

Quem sou eu

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Felicidade - Alegria - Prosperidade - Fé - Otimismo - Harmonia - Paz - Amor - Qualidade de Vida :) Casada com Thiago, mãe do Rafael, sou MONIQUE COSTA GARDINGO LACERDA mgardingo@gmail.com FORMAÇÃO ACADÊMICA: Graduação em Comunicação Social - Jornalismo. Pós-graduações lato-sensu: 1.Administração e Marketing. Gestão Estratégica, 2.Comunicação, Marketing e RH;

Um com Deus!

Deus está aqui... tão certo como o ar que eu respiro, tão certo como o amanhã que se levanta... tão certo como eu te falo e podes me ouvir!