segunda-feira, 14 de julho de 2008

Texto - Palestra do Sr. Luiz Antônio de Souza


MACHADO DE ASSIS:
A TRAJETÓRIA DE UM GRANDE LEITOR

Por Luiz Antônio de Souza
Coordenador da Biblioteca Acadêmica Lúcio de Mendonça

Antes de tudo, agradeço o convite e a oportunidade de estar aqui, para falar de um grande brasileiro. É para mim uma grande alegria!
Não vim fazer conferência, mas sim conversar, trocar um dedo de prosa sobre esse que é reconhecidamente um dos maiores escritores da língua portuguesa e o maior da literatura brasileira: estamos falando de Joaquim Maria Machado de Assis.
Outros antes de mim já disseram: Machado de Assis é prova cabal de que o Brasil é possível! Eu acrescento, apesar de cada um de nós...
Não sou especialista em Machado. Sou antes de tudo um leitor, um ad-mirador, um bibliotecário que, no trato diário com os livros, aprendeu a reverenciar a memória desse grande brasileiro.
Como afirma Alexei Bueno, ele é:
“O clássico máximo da literatura brasileira, cuja centralidade ninguém poderá negar. Polígrafo consumado, foi dos maiores romancistas do país, grande poeta, contista quase insuperável, crítico sagaz, admirável cronista, para não falar de suas incursões teatrais.”

E acrescenta:

“Sua arte finíssima ele a criou por um esforço voluntário de aprimoramento de um gênio inato, num ambiente dos menos propícios. Sua presença na alma brasileira é ubíqua e indelével. Dele tudo se disse, do ataque ao panegírico, e continua a dizer-se. Se, como afirmou a requintada inteligência de Paul Valéry, o grande homem é aquele que após a sua morte deixa todos confusos em relação a ele, Machado de Assis cumpriu e cumpre brilhantemente essa tarefa, característica dos espíritos inesgotáveis, das almas inapreensíveis, por sua multiplicidade, em alguma descrição sucinta, dos seres poliédricos que espalham luzes e sombras por todos os lados. É assim, plenamente vivo e ainda contraditório, que ele chega a estes cem anos que nos separam de sua morte.”

Procuraremos ser fiéis a Olavo Bilac, que na solenidade em memória de Machado de Assis disse:
“Poucas palavras, poucas e carinhosas, devem ser ditas aqui, para que em tudo a comemoração seja digna do comemorado. Seria uma ofensa à memória do Mestre qualquer manifestação que destoasse da sobriedade encantadora e do recato severo que governaram a sua vida artística e a sua vida íntima, a sua teoria literária e o seu estilo. O culto deve ser sempre adequado ao nume: bulhento e borbulhante, para os que tiveram ou têm o amor da adoração pomposa, – e simples e pensado, e mais tecido de ternura e de respeito do que de entusiasmo, para aqueles cuja sublimidade reside mais na solidez do que no brilho, mais na verdade do que na aparência, mais na harmonia temperada e justa do que no exaltamento nem sempre fecundo.”

Dito isto, perguntamos: Mas quem foi Machado de Assis?
Há 169 anos nascia na cidade do Rio de Janeiro Joaquim Maria Machado de Assis, mais precisamente no Morro do Livramento, em 21 de junho de 1839. Seu pai, mulato alforriado, chamava-se Francisco José de Assis, carioca, neto de escravos, pintor de profissão, tinha alguma instrução: sabia ler e escrever – o que não era comum para pessoas como ele. Sua mãe, Maria Machado de Assis, era portuguesa, originária da Ilha de São Miguel, nos Açores.
Mulato, gago, epilético e pobre, Machado de Assis será objeto da ternura de sua madrinha e protetora D.ª Maria José Barroso Pereira, viúva do senador Bento Barroso Pereira, na Ladeira Nova do Livramento (segundo Jean-Michel Massa), onde sua família morava como agregada. Sua infância se passa entre o casarão da chácara da madrinha e a casa humilde dos pais, vidas diferentes, que desde cedo o menino Machado compreende. Deste contraste nasce, em seu temperamento, o gosto pelas coisas boas, que estão presentes em seus livros, e o desprezo à pobreza, de que tentará afastar-se, a ponto de procurar esconder suas origens, vida afora.
Ainda menino, Machado sofre perdas que iriam marcá-lo sensivelmente. Aos seis anos, em 1845, sua única irmã, Maria, de quatro anos, morre vítima de sarampo; e, entre os nove e dez anos, em 1849, morre-lhe a mãe, de tuberculose. O pai casa-se com Maria Inês, indo a família morar em São Cristóvão. A madrasta dará continuidade à educação iniciada pela mãe. Se sua vida era difícil, tornou-se ainda mais com o falecimento de seu pai, em 1851.
Pouco se conhece de sua infância. Mesmo os amigos mais íntimos e queridos dela nada sabiam, pois não gostava de tocar no assunto. Mário de Alencar, que assim como Machado fez parte da Academia Brasileira de Letras, conta que ele “escondia em segredo os anos da infância e da adolescência”.
Após a morte do pai, a madrasta se empregou num colégio do bairro como doceira, e Machadinho, como era chamado, tornou-se vendedor de doces. É possível que no colégio tivesse contato com professores e alunos e assistido a aulas, quando não estava trabalhando. Entretanto, ele não era diferente dos garotos de sua época e de sua classe social. Alguns biógrafos acreditam que no “Conto de escola” Machado se utiliza da ficção para falar um pouco de si.
Para Josué Montello,
“O Conto de escola, extraído das Várias histórias, é tão perfeito nas suas minúcias urbanas e tão bem composto no seu tom evocativo, entre os grandes textos machadianos, que dificilmente deixaria de ser uma página de memória, viva, flagrante, humana, com a figura do mestre, o ambiente da escola, a evocação da sala de aula e a experiência do menino, tudo a deixar sentir o flagrante da vida autêntica, que a evocação do adulto teria ido buscar no íntimo de suas recordações.”
Seria o menino Machado a rememorar a infância na escola, naquele conto, quando diz:
“(...) Para cúmulo de desespero vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do morro do Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar, uma cousa soberba. E eu na escola, sentado, pernas unidas, com o livro de leitura e a gramática nos joelhos.”
Ou, ainda, na passagem de Memórias póstumas de Brás Cubas:
“(...) Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous peraltas sem emprego.(...)”
Alguns críticos e estudiosos da obra machadiana crêem ser pouco provável que se trate de memórias. Contudo, segundo nos diz Aleksandar Jovanovié:
“As ligações entre a vida de um autor e sua obra não são necessariamente de causa e efeito. Muitas vezes, nem sequer é possível estabelecer maiores vinculações entre essas duas coisas, porque a vida do artista pode não influir na qualidade de seu trabalho ou, ao contrário, os deslizes eventuais de sua personalidade podem não interferir na essência de sua obra. Outras vezes – por paradoxal que pareça – a conduta ética pessoal de um artista pode ser premissa básica para a produção de determinada espécie de obra. Não obstante tais considerações, convém lembrar que sempre pode ser interessante destacar vários pontos da vida pessoal de um autor, a fim de ilustrar-lhe a personalidade e jogar um foco de luz sobre a época em que viveu e trabalhou”.
Mas, como foi possível a existência de autor tão marcante, tão importante para a história da literatura brasileira, se, como apontam os relatos dos primeiros momentos de sua vida de que temos conhecimento, todos indicavam um caminho não diferente de muitos que compartilham conosco, hoje, o fracasso, a miséria, e o anonimato, como aconteceu com muitos de que desconhecemos as histórias, por não contar com os relatos de suas memórias. Machado só se tornou possível porque, acima de tudo, foi um grande leitor. Sim, os estudos hoje ratificam o que digo: um grande escritor, um grande autor, o construtor de obra literária na expressão da palavra é, necessariamente, antes de tudo um leitor por excelência, e Machado não foge a essa regra.
Todavia, é importante mencionar o fato de que no período de formação de Machado de Assis – se considerarmos somente o ensino fundamental, tal como o entendemos na atualidade –, possivelmente como para tantas outras crianças nas mesmas condições, a escola mencionada nos seus textos não passe de mera ficção, ou mesmo relatos de fatos e acontecimentos vividos por outras crianças de seu tempo.
Pensemos um pouco sobre esse tempo. Primeiro, é preciso que tenhamos em conta que não existiam escolas públicas. Os relatos históricos dizem que todos os esforços para a construção da escola gratuita foram em vão: inexistiam verbas para isto, pois tudo o que se destinava à educação estava sendo aplicado na educação da elite.
Segundo, não podemos esquecer que a escravidão era ainda uma realidade. Machado de Assis, como vimos, era mulato, filho de um escravo alforriado e pobre; logo...
Ora, se o ensino era direcionado para ricos e nobres, aqueles que compunham a elite, podemos concluir que Machado de Assis, diferentemente de cada um de nós, não teve acesso à escola pública e gratuita, ainda que a constituição vigente estabelecesse isto como um direito de todos os brasileiros. Machado de Assis, provavelmente, deve ter aprendido as primeiras letras com o pai que, como dissemos, sabia ler e escrever; foi ainda ajudado por sua madrasta, mais tarde. Lá pelos 14, 15 anos, ignora-se em que circunstância, privou da intimidade do Padre Antonio José da Silva Sarmento, professor conhecido à época, que foi seu preceptor e contribuiu para a formação do seu espírito. Este professor terá o seu valor reconhecido; Machado de Assis “lhe dedica dois poemas, confessando que, durante um ano, o sacerdote lhe fora “um modesto preceptor e um agradável companheiro”.
Ainda por este tempo, Machado de Assis vai ter a oportunidade de estudar francês ao conhecer madame Gallot, proprietária de uma padaria, cujo forneiro o inicia nos rudimentos do francês. Machado acabou por falar fluentemente, tendo mais tarde traduzido o romance Os Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo.
Iniciou sua carreira trabalhando como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial, dirigida pelo romancista Manuel Antônio de Almeida. Em 1855, aos quinze anos, estreou na literatura, com a publicação do poema "Ela" na revista Marmota Fluminense.
Estes são pontos de partida que possibilitarão ao jovem Machado de Assis iniciar-se no mundo do sonho e da aventura – a leitura.
Os sonhos, como os de todo o jovem, eram muitos, mas a pobreza, como sempre, é exigente. E Machado de Assis não fugiu à regra: conciliar trabalho e estudo. É nas bibliotecas públicas da Corte, sobretudo no Gabinete Português de Leitura, que emprestava livro aos sócios, que ele vai exercitar, em toda a sua expressão, o prazer da leitura.
Sobre a questão, Lygia Fagundes Teles relata-nos:
Machado de Assis lia muito e vagos reflexos dessas leituras vamos encontrar nos seus escritos, notadamente de autores estrangeiros: Schopenhauer, Goethe, Stendhal e Shakespeare, desconfiam que Shakespeare era o preferido. É longa a relação dos autores desse leitor tão cheio de curiosidade, ateu confesso mas freqüentador também da Bíblia, gostava do Eclesiastes com todos aqueles grãos de acasos e imprevistos, denunciador feroz das vaidades.
Afrânio Coutinho, grande crítico e estudioso da obra machadiana, ao abordar as influências por ele sofridas no estudo – Machado de Assis na literatura brasileira –, diz:
“Segundo o que se deduz das referências e confissões próprias, das informações de amigos e críticos, podem-se classificar os escritores que mais o sugestionaram do seguinte modo:
a) influências de concepção e técnica literária e de estilo: clássicos portugueses, Camões, Frei Luís de Sousa, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, João de Barros, Bernardes; Garrett; Filinto Elísio, Camilo; clás­sicos gregos e latinos; a Bíblia; Shakespeare, Cervantes, Rabelais e Montaigne; Merimée, Stendhal, Gautier, Flaubert, Balzac; La Rochefoucauld, Diderot, Daudet, Maupassant, Poe, Xavier de Maistre, Victor Hugo, Lamb, Fielding, Voltaire, Feuillet;
b) influências de humor: Cervantes e os ingleses, Swift, Sterne, Dickens, Thackeray;
c) influências de filosofia ou concepção do mundo e do homem: Pascal e Montaigne, Schopenhauer, o Eclesiastes, Leopardi;
d) livros prediletos: a Bíblia, o Prometeu, o Hamlet, o D. Quixote.”
No conjunto dessas influências, os assuntos abrangidos, pelas diferentes obras lidas por Machado de Assis, reunidas em sua biblioteca, estão assim distribuídos: literaturas 50%, aproximadamente; filosofia, história, e crítica literária 15%; história e geografia 25%; e os 10% restantes estão distribuídos entre história natural, medicina, ciências sociais, memórias, correspondências etc. Além do português, Machado leu em francês, inglês, alemão, italiano, espanhol, e, para melhor apreender os clássicos, ensaiou os primeiros passos em grego.
Machado de Assis foi antes e acima de tudo um grande leitor, como atestam as citações e alusões nas suas obras, e a sua monumental biblioteca, constituída de 400 volumes encadernados, 600 volumes em brochuras, e 400 folhetos de diversos autores, conforme a lista de bens encontrados em sua casa. Foram sobretudo estas leituras que possibilitaram a realização das grandes obras, que herdamos, nos dão prazer e continuam a despertar paixões em tantos quantos as lêem.
Em 1873, ingressa no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, como primeiro-oficial. Posteriormente, ascenderia na carreira de servidor público, aposentando-se no cargo de diretor do Ministério da Viação e Obras Públicas. Machado foi exemplo – o que podemos denominar um paradigma –, pois tanto o escritor como o trabalhador/funcionário público conviveram no mesmo ser com o sentido do dever, da responsabilidade, da honestidade e da consciência do seu papel social, que é o que devemos ter em conta no nosso dia-a-dia.
Em 1869, casa-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais e quatro anos mais velha que ele. Se a infância o marca pelas dificuldades, que o tempo e as transformações por que passou conseguiram amainar, a velhice será marcada pela perda daquela que o acompanhou nos últimos 35 anos – a morte de Carolina –, em 20 de outubro de 1904, a quem dedica o soneto:
À Carolina
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.
Trago-te flores – restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.
Que eu, se tenho nos olhos mal feridos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
É importante ressaltar que Machado foi venerado pelos jovens e cortejado pelos velhos como nenhum outro escritor brasileiro em vida.
O autor foi, também, exímio jogador de xadrez, tendo formulado problemas enxadrísticos para diversos periódicos e mesmo participado do primeiro campeonato disputado no Brasil. Em muitas de suas obras, faz menções ao jogo, como por exemplo, em Iaiá Garcia.
Velho e cansado, depois de escrever mais de 200 contos, 600 crônicas, nove romances, nove peças teatrais, quatro livros de poesia, páginas de crítica, fazer traduções e participar ativamente das transformações ocorridas na vida cultural, política e social brasileira, Machado ainda reúne forças para escrever e ver publicado, em julho de 1908, o seu último romance: Memorial de Aires – um testemunho a favor da vida, banhado de uma indulgência crepuscular, que dilui a ironia amarga dos últimos livros. Através da ficção, ele comunicava o que, então, de viva voz dizia a um amigo: “A vida é boa”.
Na casa do Cosme Velho, que manteve intacta após a morte de Carolina, no dia 29 de setembro de 1908, dois meses depois da publicação do Memorial de Aires, às 3h45min da madrugada, morria Joaquim Maria Machado de Assis.
Em suma, o que procuramos nestas poucas linhas, como revela o título, foi fazer a síntese de uma grande trajetória do leitor e maior escritor da literatura brasileira, Machado de Assis, baseando-nos em seus críticos e biógrafos – a trajetória, segundo Afrânio Coutinho, do “primeiro prosador da língua portuguesa e mais completo homem de letras do Brasil”.
Herdeiro de Cervantes segundo Carlos Fuentes em Machado de la Mancha, ele é a resposta às indagações formuladas por Milan Kundera, em A arte do romance, no capítulo “A herança depreciada de Cervantes”: “E o chamado para o jogo, o sonho, o pensamento, o tempo, para onde se foram?” A resposta é, senão milagrosa, surpreendente: “foram para o Rio de Janeiro e renasceram sob a caneta de um mulato carioca, pobre, filho de um [pintor e dourador ], auto-didata, que aprendeu francês em uma padaria, que sofria de epilepsia, como Dostoievsky, era míope, como Tolstoi, e que ocultava a sua genialidade dentro de um corpo tão frágil”.
Longe de ser gênio, Machado de Assis, o homem e o escritor, ambos são fruto do trabalho, da perseverança, da honestidade, da luta, do estudo, da leitura; e, sobretudo, da consciência de que é possível transformar o mundo à nossa volta. É o próprio Machado que nos aponta: “(...) o melhor dos mestres, o estudo; e a melhor das disciplinas, o trabalho. Estudo, trabalho e talento são a tríplice arma com que se conquista o triunfo”.
Mas nada será transformado se não transformarmos primeiramente a nós mesmos. Machado de Assis é a prova idônea de que isto é possível. Ele tinha tudo para dar errado: nasceu num Brasil escravocrata, filho de escravo alforriado, ficou órfão cedo, teria direito, porém o acesso à escola lhe é negado, por ser mulato, num país que só conhecia duas cores – o branco e o negro; ou seja, tudo concorria para que ele nada fosse.
Entretanto, foi, é, e continuará sendo o maior escritor da literatura brasileira. Assim como Virgílio está para a literatura latina, Shakespeare para a literatura inglesa, Victor Hugo para a literatura francesa, Cervantes para a literatura espanhola, Dante para a literatura italiana, Camões para a literatura portuguesa, Machado de Assis está para a literatura brasileira.
Por fim, dizem que cada um de nós, para ter na vida a plena consciência do dever cumprido, precisará: plantar uma árvore, escrever um livro e legar um filho às gerações futuras. Machado provavelmente plantou uma árvore na chácara de sua madrinha, e, se não o fez, plantou-a imaginariamente no Dom Casmurro (cap. XII e XXXII). Livro ele nos legou, e muitos. Filho, ele justifica a ausência, no final do seu Memórias póstumas de Brás Cubas: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”
Entretanto, indagamos: e o que são as personagens de contos, crônicas, romances e poesias de Machado, senão seus filhos?
CARPE DIEM!!!
Era o que eu tinha a dizer-lhes hoje.
Cataguases, 4 de julho de 2008


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ándritch, Ivo. Café Titanic. Seleção, notas, prefácio e tradução do sérvio: Aleksandar Jovanovié. Rio de Janeiro: Globo, 2008. p.21
ASSIS, Machado. Obra completa. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1959. 3 v.
----------.. Memórias póstumas de Machado de Assis. Coligidas e ordenada por Josué Montello. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 766 p.
----------. Crônicas escolhidas. São Paulo: Ática; Folha de S. Paulo, 1944. 182 p.
BUENO, Alexei. [Texto] da exposição Machado vive: comemorativa do centenário da morte de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras. 2008. 31 f.
Cardoso, José Antonio dos Santos. Guia das cidades do Rio de Janeiro e Nictheroy para 1883. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1882. p. 203.
CASTRO, Francisco de. Harmonias errantes. Carta prefácio. Rio de Janeiro: Tip. Moreira, 1878. p. 925 – Obras completas, v. 3.
8. Cavalcanti, J. Cruvello. Nova numeração dos prédios da cidade do Rio de Janeiro. Coleção memória do Rio 6-I. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro: s/data. p. 462.
COUTINHO, Afrânio. Machado de Assis na literatura brasileira. Rio de Janeiro (RJ): Academia Brasileira de Letras, 1990. 347 p., 19 cm. (Afrânio Peixoto; v. 15). Bibliografia: p. 333-347.
FUENTES, Carlos. Machado de la Mancha. México: Fondo de Cultura Econômica, 2001. (conferência pronunciada em 30 de julho de 1997, ano do centenário da Academia Brasileira de Letras)
KUNDERA, Milan. A arte do romance: (ensaio). Trad. Teresa Bulhões C. da Fonseca e Vera Mourão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
MELO, Gladstone Chaves de. Radiografia de Machado de Assis. Carta Mensal, Rio de Janeiro, v.32, n. 379, p. 3-15, out. 1986.
SECCHIN, Antonio Carlos, ALMEIDA, José Mauricio Gomes de, SOUZA, Ronaldes de Melo e. (Org.) Machado de Assis: uma revisão. Rio de Janeiro: In-Fólio, 1998. 240 p.

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